quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Finito!


"- O senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo, só errei quando coloquei sentimento. Só fiz bobagens e me dei mal quando ouvi este louco coração de criança que insiste em não endurecer e se recusa a envelhecer."

Clarice Lispector.

Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa.
Acredito que essa moça, no fundo gosta dessas coisas. De se apaixonar, de se jogar num rio onde ela não sabe se consegue nadar. Ela não desiste e leva bóias. E se ela se afogar, se recupera.
Estranho e que ela já apanhou demais da vida. Essa moça tem relacionamentos estranhos, acho que ela está condicionada a ser uma pessoa substituta. E quem não é?
A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas?
A moça...ela muito amou, ama, amará, e muito se machuca também. Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar.
As vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera?
E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. A moça - que não era Capitu, mas também tem olhos de ressaca - levanta e segue em frente. Não por ser forte, e sim pelo contrário...por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo

Fly again


Há pessoas que nos fazem voar. A gente se encontra com elas e leva um bruta susto (...) elas nos surpreendem e nos descobrimos mais selvagens, mais bonitos, mais leves, com uma vontade incrível de subir até as alturas, saltando de penhascos... Outras, ao contrário, nos fazem pesados e graves. Pés fincados no chão, sem leveza, incapazes de passos de dança. Quanto mais a gente convive com elas mais pesados ficamos...

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

...


É noite. Sinto que é noite
não porque a sombra descesse
(bem me importa a face negra)
mas porque dentro de mim,
no fundo de mim, o grito
se calou, fez-se desânimo.
Sinto que nós somos noite,
que palpitamos no escuro
e em noite nos dissolvemos.
Sinto que é noite no vento,
noite nas águas, na pedra.

Bebida é água.
Comida é pasto.
Você tem sede de quê?
Você tem fome de quê?
A gente não quer só comida,
A gente quer comida, diversão e arte.
A gente não quer só comida,
A gente quer saída para qualquer parte.
A gente não quer só comida,
A gente quer bebida, diversão, balé.
A gente não quer só comida,
A gente quer a vida como a vida quer.
(...)

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

;]


Dar ouvidos ao preconceito, é privar-se da própria liberdade.

Preconceito não é ter suas críticas.
A crítica requer conhecimento.
O preconceito, apenas vítimas.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Stop...


Stop, o carro parou
.
.
.
.
.

Ou será que foi a vida?

Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Punto

Sobre ser livre


O pior cárcere não é o que aprisiona o corpo,
mas o que asfixia a mente e algema o coração.
Sem liberdade, as mulheres sufocam seu prazer.
Sem sabedoria, os homens se tornam máquinas de trabalhar.
Ser livre é não ser escravo das culpas do passado
nem das preocupações do amanhã.
Ser livre é ter tempo para as coisas que se ama.
É abraçar, se entregar, sonhar, recomeçar tudo de novo.
É desenvolver a arte de pensar e proteger a emoção.
Mas, acima de tudo, ser livre é ter
um caso e amor com a própria existência
e desvendar seus mistérios.

"Pior do que se sentir perdida é perder-se em si mesmo"

(Fernanda Mello)


Aprendi a conviver comigo! Gosto de mergulhar no meu eu, porque eu sim sou minha verdadeira companhia. Eu sou leal aos meus sentimentos, não traio meus conceitos e sou firme naquilo que acredito. Importo-me com o que realmente importa... com aqueles pequenos detalhes que mesmo subliminares não me passam despercebidos.

Acostumei-me com o silêncio do meu quarto e me sinto em êxtase quando ele se espalha por toda a casa. Assim me encontro, me acho em meio a essa inquietude. E sim, tenho medo da solidão, mas entendo que não vou saber aproveitar a presença de alguém se não souber como é estar apenas na companhia dos meus pensamentos. Prefiro silêncio que conforta a palavras que não dizem nada!

Desisti de tentar colocar minha paz interior nas mãos de outro alguém. Ela é minha e apenas em mim e por mim se faz real e apreciável. E são nesses momentos de completo sossego que desperto para o que há de belo em estar só e consigo achar no silêncio aquela porção de força que sempre guardo para os momentos difíceis, afinal se a vida é minha, quem melhor do que eu para compreendê-la?

Clarice Lispector


"- O senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo, só errei quando coloquei sentimento. Só fiz bobagens e me dei mal quando ouvi este louco coração de criança que insiste em não endurecer e se recusa a envelhecer

quarta-feira, 1 de setembro de 2010


Ser objetiva? Com que propósito?

Faço dos graus de subjetividade, minha trilha.

Você agüentaria conhecer minha verdade? Pois tome. Prove. Sinta. Eu tenho preguiça de quem não comete erros. Tenho profundo sono de quem prefere o morno. Eu gosto do risco. Dos que arriscam. Tenho admiração nata por quem segue o coração. Eu acredito nas pessoas livres. Liberdade de ser. Coragem boa de se mostrar. Dar a cara a tapa! Ser louca, estranha, linda, chata! Eu sou assim. Tenho um milhão de defeitos. Sou volúvel. Tenho uma tpm horrivel. Sou viciada em gente. Adoro ficar sozinha. Mas eu vivo para sentir. Por isso, eu te peço. Me provoque. Me beije a boca. Me desafie. Me tire do sério. Me tire do tédio. Vire meu mundo do avesso! Mas, pelo amor de Deus, me faça sentir... Um beliscãozinho que for, me dê. Eu quero rir até a barriga doer. Chorar e ficar com cara de sapo. Este é o meu alimento: palavras para uma alma com fome. (Meu coração é minha razão. Essa é a lógica que inventei pra mim).

"- Força e fé, repete comigo: dai-me força e dai-me fé, dai-me luz."

(Caio Fernando Abreu)

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"- O que é que se consegue quando se fica feliz? sua voz era uma seta clara e fina. A professora olhou para Joana.

- Repita a pergunta...?

Silêncio. A professora sorriu arrumando os livros.

- Pergunte de novo, Joana, eu é que não ouvi.

- Queria saber: depois que se é feliz o que acontece? O que vem depois? - repetiu a menina com obstinação.

A mulher encarava-a com surpresa.

- Que idéia! Acho que não sei o que você quer dizer, que idéia! Faça a mesma pergunta com outras palavras...

- Ser feliz é para se conseguir o quê?"

(Clarice Lispector)